Épocas e Celebrações

Os conteúdos são vivenciados em períodos denominados “épocas”, cada qual com 4 semanas em média, o que permite um mergulho mais profundo nos temas estudados. Nessa página, mais abaixo, trazemos um pouco de cada época na escola.



Festas e celebrações acompanham esse ritmo. Com entusiasmo celebramos cada época do ano, festejando as estações e datas comemorativas. Dessa forma, as crianças constroem um calendário interno repleto de vivências significativas que contribuem para o seu desenvolvimento físico, afetivo e cognitivo.

Época da Páscoa



          Na nossa escola, estamos na Época de Páscoa. As crianças durante essas semanas se preparam para a primeira das quatro festas anuais que é a Páscoa. Com músicas, histórias, atividades artísticas e trabalhos manuais, e toda uma ambientação ligada ao tema, elas vivenciam intensamente esse estado de alma. Muitas das imagens ligadas à Páscoa são nossas conhecidas, mas vamos saber um pouco mais sobre elas?


A Época da Páscoa na visão da Antroposofia
Eliane Azevedo.

A Páscoa é uma festa repleta de imagens fortes e marcantes. No hemisfério sul, ela ocorre no outono, no primeiro domingo após a primeira lua cheia. A Páscoa é sempre comemorada no domingo, mostrando uma relação com o Sol, astro que rege esse dia da semana, mas também tem relação com a Lua cheia, lembrando que a lua não tem luz própria, apenas reflete a luz do sol.

         Antigamente, porém, ela acontecia apenas no hemisfério norte, na época da primavera, quando as pessoas ainda tinham grande relação com as forças da natureza. Naquela época, sobreviver ao rigor do inverno era um grande desafio, e chegar à primavera era motivo de grande celebração.  Era nesta época do ano que a vida recomeçava, as cores retornavam, tudo desabrochava. Era a vitória da vida sobre a morte.

           A palavra Páscoa, vem do hebraico, PESSACH, que significa passagem. Quando Moisés desafiou o faraó e conduziu seu povo rumo à Terra Prometida libertando-os da escravidão. Neste fato histórico, mais uma vez ocorreu a vitória da vida sobre a morte.

          Na tradição cristã, a Páscoa novamente ocupa uma importância fundamental. Após os quarenta dias da quaresma e depois de refletir sobre os acontecimentos vivenciados por Jesus Cristo durante a Semana Santa (domingo de ramos, condenação da figueira, encontro com adversários no templo, unção, santa ceia e lava pés, morte, descida ao reino dos mortos e ressurreição), os cristãos comemoram, no domingo de Páscoa, a glória da ressurreição de Cristo.

          Com sua paixão, morte e ressurreição, Cristo deixou-nos o precioso legado de uma nova vida após a morte, e quando seu corpo e sangue penetraram nas profundezas da terra ela se torna um centro de luz, vivificada pelo Eu do Cristo. Diante desta consciência, podemos refletir sobre nossas atitudes perante esta Terra, nosso planeta, tão sagrado.

          Outra imagem, que claramente mostra à idéia de vida, morte e ressurreição é a metamorfose da lagarta em borboleta, representando a morte do corpo, a transformação e o renascer. A imagem arquetípica da borboleta que, quando lagarta, fecha-se num escuro casulo deixando a luz e o calor transformarem sua existência em cor e leveza.

          O coelho e os ovos também possuem um significado especial nas comemorações pascais. O ovo representa uma vida interior, ainda em estado germinal, que se desenvolve, rompe uma casca dura e em seguida desabrocha em sua plenitude, assim como Cristo ressuscitado saiu de sua tumba. O coelho, por sua vez, representa um animal puro, digno de carregar e trazer os ovos da Páscoa. Além disso, é um animal muito fértil, que se reproduz com facilidade.

         Atualmente, porém, a Páscoa, assim como as outras festas anuais, não é encarada sob um ponto de vista espiritual. Na maioria das vezes, não vivenciamos a possibilidade de deixar morrer em nós o que não queremos mais, o que já não nos serve, e também não permitimos que o novo em nós possa florescer. Deveríamos ter claro dentro de nós a possibilidade da vida, morte e ressurreição de hábitos, atitudes e modos de pensar, para tornarmos pessoas melhores, menos endurecidos e insensíveis diante da realidade atual, com seus constantes altos e baixos. Se tivermos consciência da necessidade de cada um realizar este exercício interior, poderemos então resgatar o real sentido da Páscoa. 

ÉPOCA DA MÃE TERRA

Gaia - A deusa da Terra

Na mitologia grega, Gaia (ou Gaea) era a Deusa Mãe. A Terra foi um dos elementos que surgiu com a criação, junto com o Ar, Mar e Céu. Uma das primeiras divindades a habitar o Olimpo, ela é a grande mãe de tudo: moldou as montanhas segundo sua espinha dorsal, os vales através das saliências de sua pele, os morros e planícies de acordo com seus contornos. De sua quente umidade fez nascer um fluxo de chuva que banhou e alimentou a sua superfície, enchendo os oceanos e lagoas, e fazendo os rios correrem através de profundos sulcos. Assim, trouxe a vida, e pequenos filhotes verdes se lançaram através de seus poros. Observou suas plantas e animais crescerem e, então, trouxe à luz os homens...


Na Época da Mãe Terra louvamos e agradecemos a Terra Mãe, que nos sustenta, , alimenta, acolhe desde o começo dos tempos. Que, mostrando-nos seus ciclos, nos certifica que sempre nos terá em cuidado.

À Terra mãe - ao seu solo sagrado, aos seus frutos, ao seu acolhimento - mostramos nossa profunda gratidão!

CULTURA INDÍGENA NA CASA DA MATA







Nessa Época também reverenciamos os povos indígenas, uma vez que os compreendemos como povos que estabelecem conexão muito forte com a Mãe Terra.
Detalhe do Desenho de Lousa da professora Rosana




















Na escola são trazidos cantos, histórias e lendas indígenas. Nas aulas as crianças fizeram desenhos e grafismos que, em conjunto com muitos artefatos, vindos de diferentes tribos, enfeitaram as salas da escola. Para celebrar o encerramento dessa Época, fizemos uma festa: fizemos pintura corporal e, assim pintados, preparamos beiju - desde o comecinho, ralando e espremendo a mandioca, fazendo a farinha e assando. E, com frutas, pipoca, suco, partilhamos com todos os colegas do Ensino Fundamental. Fizemos nosso agradecimento ao alimento em tupi, dançamos e cantamos, celebrando com alegria a memória desses povos do Brasil.                 

ÉPOCA DE PENTECOSTES










ÉPOCA DE SÃO JOÃO



Todos sentimos, Junho é o mês do frio! Também no inverno o sol aparece menos a cada dia... É nessa estação que temos o dia mais curto do ano, e a noite mais longa. Nesse novo ciclo da Terra, de inspiração, temos uma vivência de recolhimento, de introspecção. E é com esse sentimento, nesses dias mais escuros, que procuramos mais ansiosamente a luz fora e dentro de nós. Por isso, dizemos que nessa época, na qual o sol está mais escondidinho, que ele surge como uma entidade espiritual - em nossos corações!

Nesse momento nos referimos a São João Batista. Várias vezes, na história da humanidade, surgem aqueles que prevêem a vinda de seres especiais, que ocasionam uma grande transformação no mundo. São João Batista previu a vinda de Jesus, e preparou o caminho para sua chegada. Na festa de seu nascimento, nosso olhar se ergue para ver o céu, com suas estrelas, fogos, balões multicor. Um olhar espiritual pode reconhecer a interligação do divino e da humanidade – e é essa a qualidade que deve surgir na festa de São João no coração do Ser Humano: a Consciência que fazemos parte de uma ordem universal.

Na nossa escola, durante todos os dias dessa época, buscamos oferecer aos pequenos vivências que alimentam a alma com esses sentimentos. O conto da Menina da Lanterna, o teatro, passeio com as lanternas, exemplificam essa caminhada em procura da luz interior.




ÉPOCA DO VENTO





Época de Micael


   No mês de setembro, pouco antes da Primavera, e depois junto com ela, as escolas Waldorf comemoram a época de São Micael. Muitos pais não sabem muito bem porque, e a festa de Micael ainda é um enigma para muitos.
   São Micael (também conhecido como São Miguel Arcanjo) é comemorado no dia 29 de setembro. Tradicionalmente ele é o defensor do bem contra o mal. É severo, mas infinitamente bondoso. Em muitas representações aparece empunhando uma espada de luz, e podemos ver o dragão dominado sob seus pés. São Micael é um símbolo de coragem, de resistência, de força de ferro a enfrentar esse dragão.
Com as crianças vivenciamos esta época intensamente, cantando músicas, entoando versos e representando peças com temas que envolvem força e coragem para o trilhar de um caminho de liberdade e amor. Contos de bravos e justos cavaleiros, que necessitam vencer terríveis obstáculos para livrar a princesa do dragão, permeiam muitas de nossas atividades nessa época. Na escola também propomos desafios adequados para cada idade, com brincadeiras que requerem o exercício da força física e da coragem, como caminhadas mais difíceis, atravessar o rio, se equilibrar. Quando damos às crianças a oportunidade de vivenciarem essas atividades inspiradas no ânimo micaélico, vemos que logo estarão brincando de São Micael, empunhando suas espadas de madeira e pedindo força e coragem para enfrentar e vencer os dragões que possam surgir no seu cotidiano.
Tomando Micael como exemplo, nos tornaremos guerreiros. E muito mais que um guerreiro valente, Micael nos traz uma nova perspectiva: a da consciência. Vivemos em um momento materialista e difícil, precisamos saber precisamente contra o que estamos lutando, com que “armas” e para quê. Quais são os “dragões modernos”? Podemos falar de alguns dragões externos: a falta de tempo, o consumismo, as discriminações sociais e raciais, as relações competitivas, o trabalho desvalorizado.... Os dragões internos vivem dentro do homem, mas nem sempre se manifestam claramente: orgulho, egoísmo, ganância, medo, hipocrisia... Enfim, tudo o mais que desqualifica nossa alma, distanciando-a da grandeza espiritual.
Lutar com estes “dragões” é uma a tarefa do homem moderno.
Assim podemos ver que todas essas histórias de dragão, São Micael, príncipes e princesas não são somente para as crianças... Elas têm muito a dizer aos adultos, que precisam reaprender a ter coragem e fé nos desígnios celestes.

Baseado em texto publicado em Cotovia ano I no. 3 agosto/2006



Época de Primavera









Época de Advento e Natal
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