2014
Outro tema proposto para reflexão foi o conceito de liberdade na escolas Waldorf.
Logo abaixo, trazemos um texto que inicia essas nossas reflexões.
O texto abaixo traz nossa reflexão a partir da Jornada de 2013, e que sempre nos acompanha.
“O que é mais importante para um professor é sua concepção da vida e do mundo. A inspiração que flui no professor de sua concepção interior e a cada nova experiência, é carregada além na constituição anímica da criança a ele confiada.” Rudolf Steiner
A primeira Escola Waldorf foi criada para atender os filhos de operários de uma fábrica de cigarros, no ano de 1919, na Europa Central, na Alemanha. Surgiu após a Primeira Grande Guerra, diante de uma sociedade destroçada depois da destruição e do choque social. Essa escola foi criada devido à uma preocupação social de Rudolf Steiner, que buscava apontar como se daria a reconstrução da comunidade humana depois de um choque tão grande. Steiner idealizou uma metodologia que levasse à renovação social, introduzindo uma nova visão do desenvolvimento infantil.
Na época, o contexto sócio espiritual era o pós guerra.
E o que podemos dizer dos dias de hoje, no nosso continente, na nossa sociedade? No nosso estado, na nossa comunidade? Como são as famílias que vêm procurar a escola? Que crianças chegam até aqui? Como elas são, o que buscam? E do que mais precisam? E principalmente: como eu me preparo para ter a percepção dessa criança, e para dar o melhor alimento que ela necessita?
Ou ainda mais além: é isso que eu quero mesmo? É esse o trabalho que eu quero, gosto, acredito? Ser educador?
Outro fator a observar: em que momento está a escola em que trabalho? Porque essa escola também passa por desenvolvimento biográfico, desde a sua criação até sua execução. Ela passa por sua fase de bebê recém nascido, de criança nova, e por todas as demais fases: adolescência, crise da meia idade, etc.
Claro que essas perguntas exigem respostas completas e extensas, respostas essas que florescem a partir de uma observação amorosa e responsável da comunidade escolar em qual estou inserido.
Depois dessa leitura, podemos tentar aqui fazer um grande recorte, para comentar um pouquinho sobre o que é possível observar em relação às famílias atuais, com as quais convivemos diariamente na escola.
Por que é importante pensarmos nessas coisas? Por que simplesmente não seguimos as orientações dos livros, para montarmos nosso currículo, nossas aulas?
Porque cada Escola Waldorf é diferente das demais. Tem características próprias, tem um corpo, alma e espírito único. A alma se manifesta na qualidade das relações humanas. O espírito se expressa na missão da escola.
Não existe nenhuma forma correta; existem princípios para que cada um desenvolva a sua forma. Não existe um único tamanho de “roupa” para servir a todas as crianças e jovens; ao contrário, essa “roupa” é confeccionada de acordo com as necessidades e a dinâmica de seu crescimento integral. Assim, essa forma nasce do aprender com a prática, experimentando as transformações que acontecem.
No que essa pedagogia que nos orienta se diferencia das outras? Nela o ser humano é apreendido em seus aspectos físico, anímico e espiritual, de acordo com as características de cada um e da sua faixa etária, buscando integração do corpo, da alma e do espírito, ou seja, entre o pensar, o sentir e querer. Além disso, ela olha o desenvolvimento da criança no contexto de uma época e no contexto da sua própria história. Ou seja, não leva em conta apenas a fase que a criança está vivendo em seu próprio desenvolvimento, mas a época que a humanidade está vivendo neste momento e a tarefa que temos a realizar em relação a ela.
Quando observamos o currículo proposto inicialmente por Rudolf Steiner – porque ele nunca adotou uma metodologia fechada –, vemos que o cerne dessa pedagogia é a liberdade do educador e a responsabilidade que essa liberdade traz.
É esse educador quem deve perceber, em determinado grupo de alunos, como o currículo indicado pode se desdobrar, porque ele não recebe uma apostila pronta que vai preenchendo com seus alunos. Ele observa o grupo como um todo, cada criança desse grupo e vai adequando o currículo, oferecendo aquilo que é bom para a idade dos alunos e que vai ao encontro do seu desenvolvimento.
Isso pressupõe a autoeducação do educador.
O que é isso? Autoeducação tem a ver com o autoconhecimento do professor, como ele se compromete e se prepara para suas tarefas. Ele deve saber que sua autoeducação e seu autoconhecimento formam o princípio para a educação de seus alunos.
O professor deve estar sensível para reconhecer a importância da educação da criança pré-escolar e escolar, para que possa desenvolver conscientemente e de forma dinâmica e criativa o seu trabalho pedagógico e refletir sobre essa prática.
Vejam se reconhecem: são denominadas crianças índigo as crianças que trazem uma energia de ruptura com antigas formas de ensinar, com as rotinas e os velhos hábitos na sociedade; também são crianças que trazem consigo capacidade para atuar como espelhos. Graças à sua forte intuição, elas facilmente se apercebem de tudo aquilo que vive em cada um de nós e tratam de espelhá-lo, imitando tudo. Inclusive características que nos incomodam em nós mesmos e que temos de trabalhar para modificarmos e melhorarmos. Conviver com essas crianças nos possibilita um rico meio para nos autotrabalharmos!
Finalizando: sobre a consciência do professor na escola Waldorf: "Aceitar as crianças com reverência, estudá-las com amor e deixá-las caminhar em liberdade".
Como criar condições para o diálogo com os seres espirituais?
Resp: Essa troca somente existirá se criamos o espaço sagrado de harmonia dentro de nós e entre nós, sem pressão, com o cuidar mutuamente. Em um espaço cheio de estrelas, onde se percebe o ser espiritual presente, nasce um diálogo sacramental.
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